O Verdadeiro Titio Noel
Charlles Nunes
Quando olho pra trás - acabei de fazer 51 anos - recordo de muitas ocasiões em que alguém deixou os próprios afazeres para me dar uma força.
São rostos de amigos, de colegas de trabalho, de familiares, aos quais tenho profunda gratidão.
Um desses, surgia todo mês de dezembro, por vários anos...
Meu irmão mais velho.
Um ano e dois meses, na verdade. Quando crianças, nos perguntavam se éramos gêmeos.
Como gêmeos, se eu sempre tive um cabeção e ele se intitulava 'o irmão mais bonito'?
Mesmo contando essa pequena mentira, ele me livrou de poucas e boas!
Por que ele entrava em cena todo final de ano? Simples. Porque eu tinha quatro filhos pequenos, e ele estava mais estabilizado na vida.
Assim, eu instruía as crianças pra fazer duas cartas para o Papai Noel. Uma com o presente que elas queriam mesmo, e outra com um Plano B. Ou seja, um presente mais barato.
Via de regra, eu comprava o mais barato. Quando ele se antecipava, eu nem comprava. E quando a gente embolava tudo, as crianças ganhavam os dois!
Outro dia, encontrei um envelope com essas cartinhas. Me lembrei com gratidão, e fiquei pensando que em pouco tempo meus próprios filhos estarão fazendo o papel de Papai Noel.
E o motivo que me levou a escrever esse texto é ainda mais simples: um ato de gratidão feito pela minha irmã mais nova.
O que me leva a concluir: se gentileza gera gentileza - como dizia o poeta - gratidão também gera gratidão.
Obrigado pela leitura. ;-)