Charlles Nunes
Aprender é para sempre.
Textos

Adivinha Quem Vem pra Jantar?

Charlles Nunes

 

Se você pudesse convidar alguém – que está vivo ou que já tenha vivido na Terra – pra jantar na sua casa, quem você convidaria?

 

Pode ser uma pessoa famosa, ou algum antepassado seu. Pode ser algum amigo que more longe, ou uma pessoa que você vê todo dia. Pode ser um desconhecido, que tenha uma profissão sobre a qual você gostaria de saber mais.

 

Quem você convidaria?

 

Em nossa casa, já recebemos alguns andarilhos que conhecemos na rua. Já recebemos um casal que entregava pizzas. Eles assistiram um filme com a gente e comemos juntos as próprias pizzas que tinham trazido. Depois de comer, eles disseram: “A gente nem deveria ter cobrado.” No final da noite, meu filho deu um presente para a mulher – uma plantinha suculenta da coleção dele – porque tinha passado da meia-noite e ela estava fazendo aniversário naquele dia.

 

Certa vez recebemos para almoçar conosco o diretor de um projeto muito importante: o Projeto de Substituição dos Geradores de Vapor de Angra 1, uma das usinas nucleares de Angra dos Reis-RJ.

 

Ele era estrangeiro, um homem bastante viajado, que tinha recebido carta branca pra vir ao Brasil resolver alguns desafios que pareciam insolúveis no projeto. Os poucos meses em que trabalhei como secretário dele me ensinaram valiosas lições. Ele parecia saber resolver qualquer desafio.

 

Receber pessoas em casa e saber visitar a casa dos outros é um dom. E como todo dom, pode ser desenvolvido. Cada pessoa leva consigo uma mensagem, aonde quer que ela vá. Se observarmos bem, a presença da pessoa já é uma mensagem!

 

Nas escrituras, temos vários exemplos de pessoas que receberam servos de Deus em suas casas. Em sua maioria, esses servos eram desconhecidos do anfitrião – e cada um deles deixou uma marca.

 

Em um período de dificuldade financeira, uma viúva que morava na cidade de Sarepta recebeu o profeta Elias em sua casa. Em 1 Reis 17: 8-16, lemos:

 

8 Então, veio a ele a palavra do SENHOR, dizendo:

9 Levanta-te, e vai a Sarepta, que é de Sidom, e habita ali; eis que eu ordenei ali a uma mulher viúva que te sustente.

10 Então, ele se levantou e se foi a Sarepta; e, chegando à porta da cidade, eis que estava ali uma mulher viúva apanhando lenha; e ele a chamou e lhe disse: Traze-me, peço-te, numa vasilha um pouco de água que beba.

11 E, indo ela a buscá-la, ele a chamou e lhe disse: Traze-me, agora, também um bocado de pão na tua mão.

12 Porém ela disse: Vive o SENHOR, teu Deus, que nem um bolo tenho, senão somente um punhado de farinha numa panela e um pouco de azeite numa botija; e, vês aqui, apanhei dois cavacos e vou prepará-lo para mim e para o meu filho, para que o comamos e morramos.

13 E Elias lhe disse: Não temas; vai e faze conforme a tua palavra; porém faze disso primeiro para mim um bolo pequeno e traze-mo para fora; depois, farás para ti e para teu filho.

14 Porque assim diz o SENHOR, Deus de Israel: A farinha da panela não se acabará, e o azeite da botija não faltará, até ao dia em que o SENHOR dê chuva sobre a terra.

15 E foi ela e fez conforme a palavra de Elias; e assim comeu ela, e ele, e a sua casa muitos dias.

16 Da panela a farinha se não acabou, e da botija o azeite não faltou, conforme a palavra do SENHOR, que falara pelo ministério de Elias.

 

Assim como naquela época, hoje em dia podemos receber servos de Deus nas nossas casas. Pode ser alguém que venha compartilhar conosco uma mensagem de esperança em Jesus Cristo – ou que simplesmente nos traga uma oportunidade de servir, independentemente de qualquer religião. A nossa igreja faz isso de um modo bem simples e organizado. Funciona assim:

 

A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias tem um programa missionário mundial. Jovens de todo o mundo deixam seus lares e vão para uma área designada – e ali trabalham por dois anos ou um ano e meio – como voluntários. O intuito deles é convidar todos a virem a Cristo, através do aprendizado dos princípios do evangelho e do batismo.

 

Esses jovens andam de dois em dois, têm uma plaqueta com seu nome e o nome da igreja, e costumam ser bastante cordiais e educados. Eles recebem apenas uma ajuda de custo quinzenal – e muitas vezes esse recurso vem das economias que fizeram ou do apoio de membros da igreja do mundo todo.

 

Como parte desse programa missionário, os membros locais participam de um calendário de almoços, recebendo os missionários em suas casas para almoçarem juntos. Nessas ocasiões, os missionários socializam com as famílias e deixam uma mensagem inspiradora sobre o evangelho de Jesus Cristo.

 

As famílias que oferecem os almoços são geralmente membros da igreja, mas esse serviço pode ser oferecido por quem não é membro da igreja também. É uma oportunidade de conhecer uma crença e um modo de viver que pode ter muitas coisas em comum com seu modo de viver.

 

Caso haja um programa desses em outras igrejas, eu gostaria de receber os missionários deles, ao menos uma vez, para conhecer um pouco sobre as crenças deles. E se eu gostar, recebo mais vezes também.

 

Quando eu tinha vinte e um anos, fui muito bem recebido pelas famílias que conheci em Catende, Palmares e Recife, as cidades nas quais servi como missionário.

 

Me lembro de muitos momentos divertidos que compartilhamos, e muitos momentos inspiradores também – que levo por toda a vida. Vi grandes exemplos de dedicação e devoção a Deus. Vi grandes exemplos de dedicação ao trabalho honesto. Vi grandes exemplos de paciência em meio às provações.

 

Algumas vezes, éramos recebidos com uma mesa repleta. Noutras, a quantidade de comida era bem menor, mas a qualidade do acolhimento era a mesma.

 

Me lembro de uma vez, no meio da tarde, quando uma irmã que criava o filho sozinha nos chamou para lanchar. Era biscoito cream cracker com margarina e um chá de capim cidreira. Lanchamos com gratidão no coração, e ela tinha um sorriso tão puro que iluminava todo o rosto. A casa era de pau a pique – mas eu senti como se estivesse em um palácio.

 

Dali, nós saímos para dar uma palestra para o prefeito. Depois da mensagem, ele e a esposa nos convidaram pra jantar. As duas famílias tinham uma condição econômica bastante distinta, mas o amor e afeição que nos dedicaram, eram do mesmo grau.

 

Numa outra ocasião, um irmão recém batizado nos encontrou na rua e nos levou até sua casa para lancharmos. Ele tinha uma serralheria. Entramos pela serralheria e subimos uma escadinha que ficava lá no fundo.

 

Em sua casa, ele colocou dois pratos na mesa e em cada um colocou duas bananas. Sobre as bananas, ele colocou mel. Com um largo sorriso, ele disse: “Podem comer, élderes.”

Enquanto comíamos, olhei pra ele, e reconheci aquela mesma gratidão que tínhamos sentido na casa da irmã que nos serviu chá com biscoito. Ele e ela tinham a consciência de que estavam servindo a dois servos de Deus, e o coração deles transbordava de alegria e gratidão por isso. E isso tudo irradiava na gente.

 

Ao olhar para trás, percebo que mesmo depois de mais de 30 anos, essas memórias estão tão vívidas na minha mente e no meu coração como se tivessem acontecido ontem.

 

Irmãos e Irmãs, eu já comi em muitos lugares – e ao lado de pessoas de diversas profissões, idades e religiões. Cada uma dessas pessoas me ensinou alguma coisa.

E por isso mesmo, eu quero fazer um convite a cada um de vocês:

 

Quer você seja ou não membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, receba os missionários ou missionárias na sua casa para almoçarem juntos. Mesmo que seja uma única vez. Caso vocês gostem da experiência, poderão fazer parte do calendário mensal, recebendo uma dupla (ou quarteto) a cada mês. Quando desejarem, vocês poderão parar de participar do programa.

 

Eu prometo que ao receberem esses dois jovens na sua casa – mesmo que seja uma única vez – vocês vão ver, ouvir e sentir algo simples que vai elevar seu espírito. Que vai ajudar vocês a ter mais esperança em dias melhores, e que vai aumentar seu desejo de se aproximar mais de Cristo.

 

Sou muito grato pelo ensinamento da minha mãe, de que nós deveríamos conversar com as pessoas e aprender a ouvi-las, independentemente da condição financeira. Meu irmão, minha irmã e eu podemos conversar com um mendigo ou com um presidente de qualquer empresa, olhando a pessoa nos olhos com dignidade e igualdade.

 

E sou grato pelo programa da igreja, que nos permite entrar nas casas dos membros e aprender com eles, como missionários ou como amigos. E que nos incentiva a receber os outros membros em nossa casa também, como concidadãos dos santos.

 

Que possamos reconhecer o convite de recebermos os missionários em nossa casa como uma grande oportunidade de servir e de sermos servidos.

 

Em nome de Jesus Cristo. Amém.

 

Lauro de Freitas – BA, 09 de Janeiro de 2023.

 


 

Letra

  1. 1. Tal como Néfi somos nascidos de pais bondoso que amam a Deus,

    Que desde a infância nos ensinaram a seguir os caminhos Seus.

  2. [Chorus]

    Somos como o exército de Helamã

    Na nossa infância aprendemos:

    Devemos ser fiéis missionários

    E ao mundo a verdade levar.

  3. 2. Nascemos nestes últimos dias para o Reino de Deus construir

    E nós sabemos que todo jovem deve em uma missão servir.

  4. 3. Para vencermos tal desafio muito vamos nos esforçar

    Com muito estudo e oração, agora vamos nos preparar.

Letra e Música: Janice Kapp Perry, n. 1938

Copyright © 1983 de Janice Kapp Perry. Esta música pode

ser copiada para uso no lar ou na Igreja, sem fins comerciais.

 

Charlles Nunes
Enviado por Charlles Nunes em 05/02/2023
Alterado em 23/03/2023
Comentários
Site do Escritor criado por Recanto das Letras